sobre psicoterapia e educação somática
A psicoterapia nos convoca a um trabalho interior que somente nós podemos fazer por nós. Nosso modo de pensar, agir e se relacionar está transposto pelos nossos afetos. Quando não elaboramos o nosso desejo, quando não nos produzimos ativamente, vivemos a partir de afetos passivos e somos engolidos por forças externas. Aqui colocamos o corpo no centro da clínica, pois é preciso perceber como o afeto cria corpo e como o corpo pode influenciar ativamente a produção de afetos. A partir disso, podemos reconhecer a anatomia do nosso comportamento vivo e em constante mudança. Colocar as mãos no próprio processo e moldá-lo feito barro. Desenvolver e afirmar a possibilidade de auto influenciação e de criação a partir daquilo que nos acontece. Perceber o uso que se faz de si e com isso produzir variações, novos caminhos neuromotores. Através do gesto, criar novos formas de estar no mundo. Sentir a vida pulsando nos próprios tecidos. A dor não nos define, mas o modo como nos relacionamos com ela sim. Saber se demorar na dor para extrair força, consistência, planos de imanência. Inventar um jeito de dobrá-la, usá-la enquanto passagem e afirmação da vida. Nossa história segue sendo a ponta de lança da nossa singularidade.